Arrumando as malas para essa tal viagem, me fazendo parecer mais forte do que sou. Não esqueço... não esqueço... nem por um por um segundo de colocar as mesmas vozes que escuto todos os dias, não esqueço de colocar todo o suor da tentativa incessante de falar e ser ouvida... Não me esqueço de colocar as asas, já quase destruídas... mesmo que não voe, mesmo que não usadas, elas estarão lá, por via das dúvidas... Elas ainda estarão lá!
No meio dessa arrumação de malas, um pouco antes da viagem. Vi uma nuvem grande de fumaça pelo país, uma movimentação de pessoas há muito tempo não vista. E em um dia, bem aqui nessa cidade eu estava lá no meio de uma multidão de pessoas, mas todas falavam uma língua diferente, gritando pela não violência, mas violentando outras pessoas... eu só queria falar que nada daquilo que eu via fazia sentindo, não assim do jeito que eles faziam, mas eu também falava outra língua, e foram cada qual pra um lado, segurei as lágrimas nos olhos e por um momento pensei em desistir de tudo.
A minha manifestação, às vezes não cabe na rua e em gritos... Às vezes faz mais sentido, em forma de poesia, em forma de arte. E sinto que nunca foi tão forte como agora, apresentar a Babilônia e talvez as pessoas possam entender o que não cabe em simples palavras tudo o que eu quero dizer.
Juliana Araujo
Nenhum comentário:
Postar um comentário