quinta-feira, 27 de junho de 2013

Meu coração bate mais acelerado em repouso.

Domingo é a estreia da ba.bi.lô.nia.


Estreia? Mas já nos apresentamos ano passado (3 apresentações e meia, nós e a chuva, como esquecer?)

Muito mudou desde então... tanto que nem consigo saber como era a faxineira da temporada passada, nem como era a Gabriela antes desse ano.

Quando começamos o ano, concordamos em aprofundar nos preenchimentos, em sermos porosos. E mesmo sem entender direito o que seria isso, jamais pensaria que seria tão profundo a ponto de mudar mesmo a minha visão sobre o mundo, sobre os homens, sobre o dinheiro. Até um dia em que eu andava em direção ao ponto de ônibus para trabalhar e uma força oposta parecia me puxar para trás (a faxineira tem um momento assim) até um ponto em que eu realmente tive vontade de gritar por aí “Estamos fazendo as coisas erradas, o mundo está errado, onde vamos parar?” (a faxineira tem um momento assim) até o ponto em que me disseram que se eu estava tão insatisfeita com o país, para onde eu gostaria de ir, e quis responder: só consigo pensar em universos possíveis.
        
Então começaram as manifestações pelo país, e eu só conseguia pensar através dos olhos da faxineira. “Vi que aqueles filhos de Noé precisavam criar alguma coisa juntos, senão eles iriam se espalhar pela face da Terra”; o povo foi um só. E então cada um começou a condenar a presença ou ausência de partido, toda aquela força de gente passou a não se entender mais. “O senhor Deus desceu para ver a cidade e a torre que eles construíam e disse – A partir de agora se não forem detidos, nada haverá de restrição para tudo que eles quiserem fazer, é preciso confundir a sua língua, para que um não entenda a língua do outro”.
        
E a partir daí, percebi que a vida me ajudava a entender a ba.bi.lô.nia, e mais forte ainda, que a ba.bi.lô.nia me ajudava a entender a vida.
        
O que mudou do ano passado para esse? Saí de mim... Antes, todas as referências de dores, eram as minhas. E a faxineira me ensinou a sentir as dores do mundo.

Assim, comecei agora a fazer teatro, comecei agora a viver.

E domingo é a estreia.

Gabriela Saiani

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