quarta-feira, 7 de agosto de 2013

ba.bi.lô.nia por Okuma

A sala está escura. De repente ouve-se a voz de Roberto Carlos cantando: "Quando você, me ouvir cantar..." reconheço a música, é "Como dois e dois", a luz acende, e todo o elenco do Babilônia agradece ao público, é o fim da última apresentação do espetáculo no Nelson Rodrigues, não sei se é porque a música me pegou de surpresa, que vi nos olhos de cada um o cansaço e alívio se fundindo com um estranho sentimento paradoxal de dever cumprido e não cumprido, pelo menos foi assim que eu os percebi, talvez por estar com uma angústia entalada no peito, enquanto Robertão entoa em sua canção "Deixo sangrar Algumas lágrimas bastam Prá consolar......", no 'mundo confuso e confusamente percebido' em que nos encontramos, o Populacho com seu poético tapa na cara, fecha de vez o ciclo do/no Nelson Rodrigues, em "edificar uma nova cidade uma nova torre, preparar ou anunciar um mundo futuro", agora só nos resta pensar em universos possíveis, pois se "Tudo vai mal, Tudo, tudo, tudo, tudo, Tudo mudou, Não me iludo e contudo, A mesma porta sem trinco, Mesmo teto, mesmo teto, E a mesma lua a furar, Nosso zinco"
É de arrepiar como o Ba.bi.lô.nia se funde com minha realidade, devaneios e delírios, como se a faxineira fosse um alter ego de nossos sonhos e angústias da Cultura, da Arte, do Nelson, de nós. A Ba.bi.lo.nia é mais do que um espetáculo de teatro, ela é a mais visceral síntese antropológica de nossos dias, e principalmente, vista do lado de cá. Tudo em volta está deserto, Tudo certo, Tudo certo como Dois e dois são cinco"

Andre Okuma

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